Definindo uma problemática urbana
- Carlos Correa
- 17 de abr. de 2016
- 2 min de leitura
Uma vez que nossos temas e objetivos gerais tinham sido traçados, era necessário que uma localidade urbana fosse escolhida para ser utilizada na proposta.

Após estabelecermos um conceito geral da proposição que gostaremos de atingir esse semestre era necessário que definíssemos o local de intervenção, decisão que seria realizada com base na ideia discutida de criar novas centralidades, trazendo maior qualidade de vida para uma população carente disso. Para isso decidimos trabalhar com problemáticas já existentes e em discussão no município de Florianópolis atualmente, visando estudar, compreender e tentar solucionar um problema real, não criando uma comunidade, mas qualificando uma já existente.
A partir de dados de geoprocessamento como distribuição de renda, análise de centralidades já existentes e da mobilidade urbana e também da leitura de reportagens e notícias relacionadas a má qualidade de vida em certos pontos de Florianópolis, surgiram casos específicos de interesse do grupo. Entre esses casos podemos citar a situação das palafitas da Ponta do Leal, a má qualidade de projetos passados na área da Vila União (Vargem do Bom Jesus), a problemática das moradias que sobem o Morro do Quilombo, no Itacorubi, e a possível expulsão de uma comunidade na região do Campeche sob acusação de ocupação de área de Área de Proteção Permanente e zona de tombamento.
Esses casos foram estudados pelo grupo e discutidos com os professores, sendo levadas em consideração possíveis potencialidades e deficiências de cada terreno, assim como os agentes que "criam" as problemáticas. Após esse filtro de pesquisa ser escolhido, o grupo decidiu trabalhar com a região das Areias do Campeche, no sul da ilha, uma área onde vivem aproximadamente 160 famílias.
A comunidade vêm sofrendo não somente por fatores ambientais como inundações e com o avanço das dunas sobre a região, mas também com a pressão política e legislativa que busca a expulsão das famílias deste território (que hoje se encontra em uma Zona Especial de Interesse Social, conforme o plano diretor). Ainda que a expulsão seja noticiada como necessária pela ocupação da área de APP e de tombamento público, é evidente que a influência das pressões regionais e de interesses financeiros seja a causa desse conflito. Os moradores de baixa renda vivem em uma área privilegiada de fácil acesso e mobilidade, próxima do litoral, e são tidos como um problema para a região em desenvolvimento. A área não está oficialmente em região de APP conforme noticiado e possui, em pequena parte, residências sobre a área de tombamento, no entanto se faz assim como toda a sua vizinhança (cuja invasão da área de tombamento não é razão para expulsão de famílias).
Foi percebido que essa região poderia ser regularizada, qualificada e os laços comunitários dessa maneira poderiam ser mantidos e reforçados, criando um ambiente ainda mais agradável para estas famílias e também diminuindo a estigmatização dessa comunidade. É com essa problemática que o grupo deseja trabalhar no semestre de 2016.1., sendo as discussões e propostas referentes a este tema explicitadas nos próximos posts neste blog.
Comments