top of page

As Areias

  • Carlos Correa
  • 5 de jun. de 2016
  • 3 min de leitura

As Areias do Campeche em uma análise contextual urbanística e ambiental. O que queremos ao trabalhar com essa área?

A comunidade está inserida no contexto urbano já consolidado do sul da ilha de Florianópolis, que ainda que qualificado e conectado com o resto da cidade é claramente desprivilegiado com relação a qualidade de acessos (é evidente que os acessos do centro ao norte são privilegiados com relação aos que ligam o centro ao sul da ilha).

Mapa de Conectividade baseado na Teoria de Sintaxe Espacial da ilha de Florianópolis

Analizando o contexto local do sul da Ilha, notamos também pequenos centros, sendo um deles o Campeche. A comunidade de Areias se encontra afastada dos centros mais consolidados do Campeche e mais próxima do bairro Morro das Pedras, no entanto é notável que esta zona é precária de equipamentos urbanos e de diversificação de serviços.

Mapa de Conectividade regional baseado na Teoria de Sintaxe Espacial da ilha de Florianópolis (área de intervenção demarcada)

O sul da ilha vem recentemente se transformando e se readequando em relação as novas áreas de ocupação, como o Novo Campeche (área ao norte do “antigo” Campeche) e isso vem direcionando investimentos públicos regionais pra essa área. O que prejudica a criação de um centro de interesse que atenda a parte menos favorecida da população, que tem mais dificuldade em acessar serviços a longa distância, ainda que a área escolhida já tenha um bom suporte de transporte público.

Com relação aos fatores ambientais, é evidente através de notícias (publicadas no post sobre a problemática local) a vulnerabilidade do espaço. Analisando a microrregião da comunidade, é notável que são recorrentes os alagamentos e também a estreita relação das casas com o terreno de dunas, instável para as construções. No entanto, através de conversas com os moradores, notamos que algumas das ruas da comunidade sofrem com isso e que o entorno, no geral, não tem as inundações como um problema recorrente. Desta maneira, compreendemos que falta de drenagem é um problema de infraestrutura local gerado pela falta de serviços públicos de saneamento de qualidade e pela ocupação realizada sem nenhum tipo de planejamento.

Plano diretor regional do Campeche, com a área de intervenção demarcada como ZEIS 2

De acordo com o Plano Diretor Regional do Campeche, a área de estudo pode ser ocupada (diferente do destaque dado pelas notícias, que as famílias devem ser retiradas por se encontrarem em Área de Proteção Permanente). No entanto, parte da área se encontra em área de limitação ambiental - Tombamento, assim como toda a região costeira do Campeche. No entanto, o que é perceptível é que as ações de remoção de famílias em áreas de tombamento só ocorre em comunidades desfavorecidas. Grande parte das construções em área de tombamento na região são de alto padrão e não sofreram atuações da PMF, situação muito diferente da comunidade Areias do Campeche, que já teve diversas vezes residências queimadas, destruídas ou desapossadas.

A comunidade se encontra como ZEI do tipo 2, que são “os assentamentos consolidáveis ocupados espontaneamente por população de baixa renda em áreas públicas ou privadas onde há restrição legal ou técnica à ocupação, podendo ser destinadas a ações de regularização fundiária”.

A área ao redor da comunidade são Área Residencial Predominante (ARP 2.5) que pelo Plano Diretor tem um limite de dois pavimentos por construção e uma taxa de ocupação de 50% no máximo. Vale-se lembrar que esses dois pavimentos se limita apenas pavimentos normais, ou seja, sótãos e coberturas e pavimento térreos em pilotis não contam como pavimentos ocupados.

Notamos que as áreas de residência com dois pavimentos muitas vezes ultrapassam o sugerido pelo Plano diretor, mas não sofre nenhum tipo de advertência, multa ou remoção, ao contrário da área da comunidade das Areias, que pelo mídia foi espalhado que construções em tal local são ilegais e devem ser retiradas, enquanto que se pode ver pelo Plano Diretor que podem ser ocupadas sim.

Após as pesquisas com relação ao contexto urbano, social, ambiental e histórico da comunidade, nós reconhecemos a importância de trabalhar com essa região, buscando qualificar o meio de famílias desprivilegiadas, garantindo seu direito a terra e buscando evitar o processo de gentrificação que vem ocorrendo, exercendo assim o papel social da arquitetura.


 
 
 

Comentários


Parabéns! Sua mensagem foi recebida.

© 2023 por Sal & Pimenta. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page